A foto é impactante. No meio do mar, uma ponte desaparece por completo, como se estivesse sendo engolida pelas águas. Já escrevemos sobre grandes obras de engenharia feitas nos mais diversos países e com as mais distintas tecnologias, como o prédio Burj Khalifa (o mais alto do mundo), o metrô de Londres (o mais antigo do mundo) e a Usina Hidrelétrica de Itaipu (a maior construção brasileira).
Mas a obra da qual vamos falar hoje é diferente. A Ponte de Oresund, além de ser a ponte rodoferroviária mais extensa do continente europeu, é, sobretudo, um ícone da engenharia moderna, aliando funcionalidade, beleza estética e inovação na engenharia civil.
Construída entre 1995 e 2000, a ponte é responsável por conectar Suécia e Dinamarca, sobre o Mar Báltico, entre as cidades de Copenhague (Dinamarca) e Malmo (Suécia). Ao todo, são 16 km de extensão que facilitam a integração entre os países escandinavos, principalmente com o tráfego de carros, trem e pessoas.
No artigo de hoje vamos mostrar o que faz essa ponte ser tão conhecida e os desafios por trás da sua construção. Confira!
Ícone da modernidade
O que faz a Ponte de Oresund ser um marco da engenharia moderna? Em primeiro lugar, ela não é apenas uma ponte, mas um conjunto de três estruturas diferentes compostas por uma ponte de 7,8 km, um túnel submarino de 3,5 km e uma ilha artificial de mais de 4 km de comprimento.
Todo esse complexo impressiona, afinal, o projeto contempla a construção de uma rodovia com seis pistas (quatro de circulação e duas de emergência) para tráfego de carros, além de duas vias férreas.
A ponte tem mais de 1 km suspenso com vão central de 490 metros e um arco alçado de 57 metros, possibilitando o tráfego marítimo durante o período navegável. Outros números chamam a atenção:
- 280 mil m³ de concreto estrutural;
- 82 mil toneladas de aço estrutural;
- 60 mil toneladas de aço corrugado e para protensão.
Dificuldades da construção da Ponte de Oresund
Antes de ser batizada com o nome do estreito que separa Suécia e Dinamarca, os povos dos dois países já tinham um outro apelido para a construção: a Ponte Impossível. Afinal, desde o século XIX os governos de ambas as nações estudam maneiras de criar uma passagem perene entre os territórios.
O dilema era grande: uma ponte grande demais poderia comprometer o tráfego aéreo, principalmente de Copenhague, na Dinamarca. No entanto, uma ponte mais baixa poderia afetar o tráfego das embarcações que costumam se deslocar pelo Mar Báltico. Portanto, o pensamento que vingou foi o de não construir uma única estrutura, mas três diferentes.
E, para que isso desse certo, era necessária uma gestão impecável, além de um cuidado na logística da montagem, planejamento e execução da obra.
A primeira dificuldade enfrentada pelos engenheiros à frente da obra foi na hora de escolher o material a ser utilizado na estrutura da ponte. Afinal, o inverno na região é rigoroso, com temperaturas de até – 20ºC. Dessa forma, a estrutura deveria ter vida útil de mais de 100 anos. Foram realizados testes durante 15 meses para medição da relação dos materiais às etapas de gelo-degelo, resistência aos sais, dentre outras.
Outra dificuldade foi com relação à construção do túnel, que não foi perfurado no solo oceânico. A solução encontrada pelos engenheiros foi construir o túnel por meio de 20 peças pré-fabricadas, que foram levadas de Cádiz, na Espanha, até o local de montagem, por via marítima.
Cada peça continha 176 metros de comprimento, 39 metros de largura e 8,5 metros de altura. As peças eram posicionadas com ajuda de um GPS, soldadas por mergulhadores dentro do mar e, depois, a água era drenada de dentro da estrutura.
Cinco curiosidades sobre a Ponte de Oresund
1. Reaproveitamento de entulho
O projeto previa a construção de uma ilha artificial, que foi batizada de Poberholm. Então, os engenheiros responsáveis tiveram uma ideia genial: utilizar o entulho produzido em toda a construção da estrutura. Uma ótima alternativa sustentável!
O material foi utilizado junto com rochas e areia que foi dragada do fundo do mar e compactada para dar sustentação ao peso da ilha.
2. Data de entrega antecipada
Isso pode não ser muito comum para a nossa cultura, mas o prazo é realmente levado a sério nos países nórdicos. Mesmo com todas as dificuldades da construção do megaempreendimento, incluindo uma ponte suspensa, uma ilha artificial e um túnel subaquático, a obra é um exemplo de planejamento. Afinal, a estrutura foi entregue três meses antes do prazo previsto. Já imaginou?
3. Ilha proibida
A ilha de Poberholm, com mais de 4 quilômetros de extensão e construída artificialmente, não pode ser visitada por ninguém. Ela só serve como uma espécie de base de onde nasce o túnel subaquático que leva até o outro lado do estreito de Oresund.
4. Maratona de inauguração
Antes de a ponte ser aberta ao público, um evento de grande porte marcou o início de sua operação: uma maratona. Cerca de 80 mil corredores completaram o trajeto entre as cidades de Amager (Dinamarca) e Skane (Suécia) no dia 12 de junho de 2000. A única forma de atravessar a distância a pé era, claro, correndo dentro do túnel.
5. Estímulo à migração
O volume de carros trafegando pela ponte todos os dias foi aumentando ao longo dos anos, e isso tem uma explicação demográfica. Como o preço da moradia na Suécia é mais baixo que na Dinamarca, muitos dinamarqueses foram convencidos a mudar de país para pagar menos em habitação, mesmo que isso significasse ter que pegar o carro todos os dias para atravessar o Estreito de Oresund.
Mas, tudo bem: a travessia só dura 30 minutos. Vale a economia!
Agora que você já conhece um pouquinho mais de uma das obras de engenharia mais marcantes da Europa, a Ponte de Oresund, saiba um pouco sobre outro ícone da modernidade, a Palm Islands, as fantásticas ilhas artificiais construídas em Dubai e que foram responsáveis por alavancar o turismo no local. Boa leitura!
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