Cada vez mais as mulheres escolhem carreiras na área da engenharia, demonstrando que o lugar da mulher é onde ela quiser. Ao vencer estereótipos e preconceitos, elas têm contribuído para a construção de uma sociedade mais igualitária entre os seus membros. A relação entre os gêneros e seus papéis está presente no discurso das novas gerações, que a cada dia lutam para ter condições de igualdade entre todos os participantes do pacto social.
Estamos em pleno século XXI, onde a igualdade de gênero marca presença nos âmbitos acadêmico, profissional, político, social, artístico etc. Uma das áreas onde é mais discutida a igualdade de gênero é no campo profissional, a qual está relacionada ao mundo acadêmico.
O objetivo deste post é desconstruir imagens cristalizadas sobre a presença das mulheres na engenharia, mostrando que elas estão cada vez mais empoderadas e ocupando cargos que antes lhes eram negados. Acompanhe-nos.
Engenharia e gênero
Alguns estereótipos e preconceitos são difundidos sobre as profissões e os gêneros. Dessa forma, é comum ouvir que a enfermagem é uma profissão para mulheres e não para homens; que não deveria haver mulheres taxistas, pois elas não sabem dirigir; que a engenharia civil é lugar para homens e mulheres masculinizadas.
A origem da palavra engenharia remonta à época das Antigas Civilizações, cujas grandes construções, como templos e canais, aplicavam os conhecimentos técnicos e matemáticos. Assim, a palavra engenheiro é originária do vocábulo latino ingenium, que em latim se referia aos artefatos mecânicos, bem como a uma disposição inata e natural do espírito para inventar, criar, desenhar.
A partir dessa definição, podemos afirmar que qualquer pessoa com a vocação de inovar, ou seja, com novas ideias, com capacidade de desenhar ou criar algo novo, pode ser engenheiro, independentemente do seu gênero ou qualquer outra característica.
Apesar da longa história, a presença da mulher nessa carreira profissional é uma conquista recente. É necessário lembrar que durante muito tempo o curso esteve reservado somente aos homens, o qual não nos causa espanto, pois a educação, de um modo geral, esteve distante do alcance feminino durante vários séculos.
As mulheres na engenharia
A romena Elisa Leonida Zamfirescu é comumente citada como a primeira engenheira de destaque da história. Formada na Universidade Técnica de Berlim, ela foi diretora dos laboratórios do Instituto Geológico da Romênia e professora de física e química. Seus feitos mostram rompimento com a mentalidade da época.
Talvez atualmente não seja tão difícil para uma mulher graduar-se na área, mas Elisa rompeu com todos os estereótipos estabelecidos, os quais indicavam como malvisto uma pessoa do sexo feminino dedicar-se à profissão, pois era considerado um “trabalho pesado”.
Além dela, podemos citar outras engenheiras de destaque:
- Judith Resnik: formada em engenharia elétrica, foi a segunda mulher norte-americana a ir ao espaço;
- Ellen Swallow Richards: norte-americana pioneira na pesquisa em engenharia sanitária;
- Griselda Hernández: mexicana formada em engenharia industrial pela Universidad Panamericana que em 2009 foi eleita a melhor executiva da América Latina;
- Odeyda Alcántara Reyes: a dominicana é engenheira industrial na Universidad Autónoma de Santo Domingo onde é responsável pelo Departamento de Meio Ambiente;
- Maria das Graças Foster: engenheira química brasileira e ex-presidente da Petrobras;
- Marilene Ramos: engenheira civil brasileira e atual presidente do IBAMA.
A cada semestre letivo, mais mulheres adentram aos cursos de engenharia no Brasil. De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), de 2003 a 2013, esse número passou de 24.554 para 57.022, registrando um crescimento de 132,2%. Já a presença masculina nesse período aumentou 78,3%, segundo as informações da FNE.
Tal aumento pode ser explicado porque durante muitos anos as mulheres foram excluídas da educação superior e só recentemente elas puderam livremente acessar o mundo acadêmico. Outros motivos podem ser os estereótipos que reinaram no senso comum, por exemplo: estudar engenharia significa estar sempre sujo e em trabalho de campo; é um trabalho pesado e que requer força física. Isso faz com que tais carreiras sejam pouco atrativas às mulheres.
Além disso, há cada vez mais mulheres interessadas em estudar carreiras relacionadas às ciências exatas. O fomento ao estudo dessas carreiras é uma tarefa dos pais, uma vez que a opinião deles influenciam muito nas decisões tomadas pelos filhos.
O papel da engenharia na sociedade
A engenharia impulsiona o desenvolvimento da tecnologia, e se aperfeiçoa com seus descobrimentos e avanços. Da mesma forma, é importante solucionar as necessidades materiais, individuais e coletivas dos seres humanos. Através da satisfação de tais necessidades, une a sociedade, promove o desenvolvimento e gera riqueza.
A satisfação dessas necessidades se resolve por meio de um processo intelectual que, com alguns recursos, culmina na descoberta de soluções técnicas e economicamente viáveis. Os profissionais e as profissionais que atuam na área das engenharias são partícipes em encontrar soluções mais simples e de menor risco, com menor impacto ambiental e menor custo.
O bem-estar da população depende do bom juízo e exercício ético destes e destas profissionais. Por isso, uma sociedade plural, com deveres e direitos bem compartilhados por homens e mulheres, é capaz de desenvolver a tecnologia, visando ao desenvolvimento econômico e social.
Como parte da sociedade, tanto homens como mulheres devem ter consciência do que as suas ações representam para os demais. Engenheiras e engenheiros devem fomentar o respeito e a ética profissional em cada decisão tomada em suas práticas.
Não devemos esquecer que a finalidade comum da engenharia é criar opções que satisfaçam as necessidades das pessoas. Para isso, é importante inovar e todos inovam ao trabalhar em harmonia. A presença da mulher nesse espaço tem aberto essa possibilidade de convivência.
Desafios enfrentados pelas engenheiras
Além das lutas tradicionais pelo reconhecimento de seu papel social e contra os preconceitos e limitações que ainda lhe são impostos, as mulheres, integrantes de uma profissão em que os homens são maioria, têm mais dois grandes desafios a enfrentar.
- O primeiro está relacionado com a divisão sexual do trabalho, onde o conhecimento científico, tecnológico e as áreas de trabalho são associados aos homens.
- O segundo está relacionado a situações de discriminação profissional, com reflexo na maior ou menor abertura do trabalho e em questões como o assédio moral.
Por outro lado, estudos afirmam que as mulheres estão sujeitas a barreiras no exercício de funções em determinadas áreas tecnológicas — de maneira geral, aquelas mais voltadas à produção industrial tradicional, como metalurgia — mas encontram maior trâmite em áreas menos tradicionais, como as engenharias de alimentos e produção.
Por isso, muitas dessas profissionais acabam assumindo cargos que exigem habilidades relacionais — em escritórios, no ambiente administrativo, ou atividades de consultoria ou mediação — distanciando-se dos trabalhos de teor técnico mais denso, que, na área, são mais prestigiados. Assim, o número de mulheres diminui à medida que se sobe na hierarquia das empresas.
As mudanças apenas começaram e cada dia galgam mais patamares nesse processo. A participação de todos, com o intuito de eliminar tais barreiras é um imperativo categórico da sociedade moderna. Construir um ambiente cada vez mais plural, humano e respeitoso é tarefa urgente a todos.
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