Grandes obras de engenharia civil trazem impactos gigantescos: investimentos de uma quantia enorme de dinheiro público, criação de empregos, encurtamento de distâncias — no caso de uma rodovia, por exemplo — ou geração de energia — no caso de uma usina hidrelétrica.
Em um país com a dimensão do Brasil, ao longo da sua história, uma série de obras de engenharia foram responsáveis por grandes mudanças. Ferrovias e rodovias contribuíram para o povoamento de regiões remotas, como o Norte do país. Pontes que foram erguidas para ligar cidades importantes encurtaram distâncias e dinamizaram a economia. Portos e aeroportos modernos colaboraram para o aumento das exportações e importações e atraíram turistas de todo o mundo.
No texto de hoje, vamos mostrar 4 das maiores obras de engenharia civil no Brasil, quais as suas histórias e por que elas são tão importantes para o desenvolvimento do país. Boa leitura!
Itaipu: a maior obra de engenharia civil no Brasil
A construção da Usina de Itaipu já começa com uma dificuldade adicional às demais obras: conciliar os interesses, burocracias e todos os desafios de realizar um megaempreendimento que envolve dois países. Após as negociações de praxe, em 1974, foi criada a empresa Itaipu Binacional, que seria responsável por tirar do papel o projeto da maior usina hidrelétrica do mundo, à época.
Os números da construção dessa megaobra — que durou 7 anos, entre 1975 e 1982 — impressionam e, não por acaso, a usina foi incluída na lista das sete maravilhas da engenharia. Hoje, a geração de energia é de 14 mil MW, o que a torna responsável pela geração de energia equivalente a mais de 70% do consumo em todo o Paraguai e 16% do Brasil.
Para a construção da usina, foi preciso desviar o leito do rio Paraná por meio de um canal de 2 quilômetros de extensão. Essa operação resultou na remoção de 55 milhões de m³ de terra. Com o leito original completamente seco, as construtoras deram início às obras de construção da barragem principal.
A fase seguinte, de concretagem da barragem, demorou 3 anos e chegou a exigir os trabalhos de 40 mil operários no auge do movimento no canteiro de obras e nos escritórios das empresas estatais brasileiras e paraguaias. O total de concreto gasto nesse período foi de 12,3 milhões de m³, o suficiente para concretar 4 rodovias do porte da Transamazônica — que tem mais de 4 mil quilômetros de extensão.
Outro desafio da construção foi a fase da montagem das turbinas, cada uma com 300 toneladas, e que saíam de São Paulo em direção a Foz do Iguaçu. O transporte exigia uma logística incrível, já que boa parte das pontes existentes nesse trajeto não aguentava o peso da estrutura. A primeira turbina demorou 3 meses para chegar ao local.
As obras terminaram em 1982, quando as comportas foram abertas pela primeira vez, inundando uma área de 1,3 mil km². De lá para cá, foram produzidos 2,4 bilhões de MW de energia.
Ponte Rio-Niterói
Hoje em dia, é possível afirmar que 10 minutos separam as cidades do Rio de Janeiro de Niterói, localizada do outro lado da Baía de Guanabara. Mas nem sempre foi assim. Até 1974, quem se deslocava de uma cidade para a outra precisava se desdobrar em uma viagem de 140 quilômetros, que incluía contornar toda a Baía e passar pelo município de Magé até chegar a Niterói.
Embora a obra tenha começado a sair do papel em 1969, a ideia de ligar os dois municípios é bem mais antiga. Um século antes disso, Dom Pedro II chegou até a contratar um engenheiro inglês para projetar uma ponte ou um túnel com essa finalidade.
O empreendimento foi entregue 5 anos depois e, naquela época, os seus 13 quilômetros (9 deles sob o mar) colocavam a Ponte Rio-Niterói como a segunda maior do mundo. Hoje, ostenta o título de oitava maior. A obra foi feita por meio de uma parceria entre uma construtora brasileira e outra britânica. E, por conta disso, o lançamento da pedra fundamental da estrutura contou com a participação da rainha da Inglaterra, Elizabeth II.
Hoje em dia, cerca de 150 mil veículos transitam todos os dias pela Ponte Rio Niterói, que conta com 8 pistas e tem seu ponto mais alto localizado a 72 metros acima do nível do mar.
Transposição do Rio São Francisco
Essa é outra obra que ficou no imaginário do brasileiro durante muitas décadas até ser inaugurada em 2017. Desde o século XIX, Dom Pedro II já apresentava essa como a única saída para resolver o problema da seca no Nordeste brasileiro. O assunto voltou a ser estudado na ditadura militar até que as obras foram finalmente iniciadas em 2007.
Os números da transposição impressionam, assim como a complexidade de desviar parte das águas do maior rio inteiramente brasileiro para outros pontos da bacia hidrográfica da região Nordeste.
A construção foi dividida em dois eixos: Norte e Leste. O primeiro — com a construção de 400 quilômetros de canais — capta água em Cabrobó (PE) e passa pelos Estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O segundo parte de Floresta (PE) e atravessa parte do território da Paraíba em 200 quilômetros de canais e ramificações.
Apesar de se tratar de uma construção gigante, que muda a paisagem de uma região marcada pela seca e a aridez, o projeto prevê a captação de apenas 1,4% da vazão total do rio São Francisco.
Outra característica que impressiona é o desafio de levar águas por meio de canais abertos ou túneis fechados por regiões tão extensas e com relevo, por vezes, acidentado. Para isso, foram construídas 9 estações de bombeamento. Ao longo do trajeto do Eixo Leste, por exemplo, a diferença de altitude chega a 304 metros.
Edifício Mirante do Vale
É o segundo prédio mais alto do Brasil, localizado em São Paulo. Projetado na década de 1960 pelo engenheiro Waldomiro Zarzur, é um arranha-céu de 170 metros de altura, distribuídos nos seus 51 andares. Muita gente não sabe que esse é o maior prédio da cidade, já que ele foi erguido em uma região baixa, conhecida como Vale do Anhangabaú.
Uma curiosidade na sua construção é que, naquela época, não era permitido construir um prédio desse tamanho de concreto. Portanto, a solução encontrada foi o uso de estrutura metálica.
Cerca de 10 mil pessoas trabalham no Mirante do Vale, que abriga salas e salões comerciais, restaurantes, lojas, mirantes e um heliporto.
Gostou deste conteúdo? Se você se interessa pelas grandes obras de engenharia civil no Brasil, não perca a oportunidade de também conferir as nossas obras. Até a próxima.
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