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Entenda o que está por trás das grandes obras da engenharia civil

Toneladas de aço, milhares de metros cúbicos de concreto, anos e mais anos de espera, dezenas de milhares de operários trabalhando em turnos de 24 horas. Todos os números que envolvem as grandes obras da engenharia civil são assim: assustadores.

Afinal, são elas que gerarão milhares de megawatts de energia elétrica, abrigarão dezenas de milhares de pessoas em escritórios ou lojas e transportarão outras milhares todos os dias de um ponto a outro de um país.

Seja uma usina hidrelétrica, um prédio com 100 andares, um aeroporto internacional, uma enorme ferrovia ou uma ponte extensa, as mega obras exigem planejamento minucioso, projetos muito bem elaborados e estudos exaustivos.

No artigo de hoje vamos contar as histórias de algumas dessas grandes obras da engenharia civil e tudo o que existe por trás delas. Confira!

O papel das grandes obras da engenharia civil

Já sabemos que o planejamento é o segredo para qualquer obra de engenharia civil, mesmo que ela seja apenas uma casa de dois pavimentos. Afinal, é preciso controlar o processo para evitar surpresas desagradáveis, como problemas estruturais ou mesmo um rombo no orçamento ou estouro do prazo para entrega. Mas, no caso de uma construção gigante, esse planejamento deve ser levado a um outro patamar.

Em primeiro lugar, é preciso levar em conta que planejar uma obra dessas é, talvez, a etapa mais importante de todo o processo — mais até que a execução dela. Isso porque um grande empreendimento é capaz de impactar milhares de pessoas diretamente e mudar o cenário de uma região ou país.

Tomamos como exemplo a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O empreendimento deve ser inaugurado no ano que vem (após nove anos de obras). No entanto, os primeiros estudos sobre a capacidade de geração de energia da Bacia do Rio Xingu foram iniciados em 1975.

A partir dessa data, demorou mais 35 anos até que a primeira máquina chegasse ao local para dar início às obras de construção da usina. Afinal, um empreendimento como esse, responsável por causar inúmeros impactos ambientais, foi objeto de uma série de estudos, como os de viabilidade técnica e econômica, impactos aos povos indígenas que vivem na região da construção, além de uma série de readequações.

Após todo esse percurso, em 1º de fevereiro de 2010 foi publicada a licença para o início da construção de Belo Monte. Mesmo assim, durante esses 9 anos, houve uma série de ações judiciais e decisões liminares obstruindo a execução de parte da obra. Uma das consequências foram uma série de atrasos no prazo de entrega definitiva da usina.

Não é raro que obras desse tamanho enfrentem atrasos constantes ou gastos acima do que foi orçado inicialmente. Há uma série de fatores que não podem ser totalmente controlados quando se trata de uma grande peça de engenharia. Mas, lembre-se, o planejamento deveria tomar mais tempo que a própria execução.

Consórcios: uma opção para “dividir” as grandes obras

De todas as grandes obras de engenharia civil brasileiras, é muito difícil encontrar uma que tenha sido planejada e executada por uma única construtora. Para que isso pudesse ser realizado, essa empreiteira deveria conseguir comprovar, perante o governo, uma solidez financeira, estrutural e técnica muito grande.

Afinal, imagine gerenciar, por exemplo, uma obra do tamanho da usina hidrelétrica de Itaipu, que chegou a contar com 40 mil operários operando no canteiro?

Caso essa e outras obras desse porte fossem feitas por uma única empresa, a chance de ela decretar falência, atrasar a entrega e não conseguir cumprir os requisitos acordados seria enorme. Isso causaria prejuízos para todo o país, já que, pensando no caso específico de Itaipu, a usina é responsável por suprir a demanda de energia elétrica de praticamente um quinto dos brasileiros.

Por isso mesmo, as construções públicas ou as de modelo de Parceria Público-Privada (PPP) no Brasil, são tocadas por consórcios, uma junção de diversas empreiteiras diferentes (e concorrentes entre si), que dividem uma fatia daquela construção.

Dessa forma, quando um consórcio vence um processo licitatório, uma das empresas consorciadas é eleita líder desse processo e cada uma responde pela fatia que lhe cabe.

Assim, embora as empresas tenham uma relação de proximidade, já que integram o mesmo consórcio, se algo acontece a uma empreiteira, isso não afeta o serviço das demais. Por fim, essa relação termina assim que a obra acabar. Prático, não é?

Outra forma utilizada pelos governos para “dividir” as grandes obras públicas é fatiar a execução do projeto em lotes. Para duplicar uma estrada de centenas de quilômetros, por exemplo, é comum que os trechos sejam divididos em lotes. Assim, durante um processo de licitação, uma empreiteira sozinha ou em consórcio pode assumir apenas uma fatia daquele empreendimento.

Uma ideia de várias gerações

De modo geral, as grandes obras da engenharia civil dificilmente são pensadas, projetadas e executadas em pouco tempo. Ao contrário, o mais comum é que elas tenham sido pensadas em algum momento histórico, mas executadas mais tarde, seja por causa do desenvolvimento de tecnologias mais avançadas ou mesmo por uma melhoria do cenário econômico.

Um bom exemplo disso são as obras de transposição do Rio São Francisco. Um projeto para levar as águas de um dos principais rios do país a lugares remotos de estados do Nordeste que sofrem com a seca foi pensado pela primeira vez por Dom Pedro II, em meados do século XIX.

A falta de recursos da engenharia da época inviabilizou o projeto, mas a ideia continuou sendo estudada pelos governos de Getúlio Vargas, o regime militar e após a redemocratização, até começar a sair do papel em 2007. Hoje, boa parte dessa obra já foi concluída e o último trecho está previsto para ser entregue no ano que vem.

Outra grande obra de engenharia, a Usina de Três Gargantas, na China, já era pensada em 1919, como uma solução para produção de energia no rio Yangtsé. Na década de 1940, engenheiros chineses foram enviados aos Estados Unidos para serem treinados e buscar meios de resolver problemas relacionados a esse empreendimento.

Mas foi apenas cinco décadas mais tarde que os chineses viram o início da construção desse local, que acabou se tornando a maior usina hidrelétrica do mundo, com capacidade de geração de 22,5 mil megawatts e área alagada superior a 1.000 km².

Quanto tempo duram essas grandes obras?

Essa é uma pergunta de difícil resposta, afinal, como todos sabem, cada caso é um caso. O que podemos afirmar, com toda a certeza, é que quanto mais tecnologia disponível, menor é o tempo consumido pelas obras.

Uma das obras mais impressionantes de todos os tempos, a construção da Pirâmide Quéops, a maior entre as chamadas popularmente de pirâmides do Egito, demorou 25 anos. Todos os dias cerca de 10 mil trabalhadores assentaram blocos de pedra (foram mais de 2 milhões, no total) para formar o monumento.

A construção foi feita em 2.530 A.C. e há uma série de mistérios sobre como os egípcios conseguiram levantar acima dos 100 metros as pedras que pesavam entre 2 e 10 toneladas. Mas, e se fosse hoje? Guindastes supermodernos seriam capazes de fazer o mesmo serviço? Em quanto tempo?

Em geral, como já dissemos, o planejamento toma boa parte do tempo das construções, no entanto, o tempo de execução varia conforme uma série de fatores: condições econômicas, problemas de infraestrutura, melhoria das tecnologias, entre vários outros.

O Canal do Panamá (falamos sobre ele no final deste artigo), por exemplo, teve sua construção interrompida diversas vezes por causa das inúmeras mortes de operários que contraíram febre amarela durante o trabalho.

As 5 grandes obras que desafiaram a engenharia civil

1. Ponte Danyang-Kunshan (China, 2011)

A maior ponte do mundo tem exatos 164,8 quilômetros de extensão — o equivalente a ir e voltar de São Paulo a Santos — e liga as cidades chinesas de Xangai e Nanjing.  A construção durou cerca de 4 anos e envolveu o trabalho de mais de 10 mil operários. O custo total foi de U$S 8,5 bilhões.

A ponte passa sobre terra e água, em meio a áreas do delta do rio Yangtzé, com cenários de plantações de arroz, canais, lagos e rios. O curioso é que, para se tornar a ponte mais longa do mundo, a Danyang-Kunshan desbancou duas outras pontes chinesas: os viadutos ferroviários de Tianjin (113 km) e Weinan Weihe (79 km).

Ou seja, agora, a China tem as 3 maiores pontes do mundo.

2. Complexo Hidrelétrico de Itaipu (Brasil-Paraguai, 1984)

É a maior obra de engenharia da história do Brasil e isso é comprovado pelos seus números, que não foram ultrapassados até hoje. A geração de energia elétrica em Itaipu é de 14 mil MW, capaz de suprir 70% de toda a demanda do Paraguai e 16% da brasileira — o que a colocou no topo do ranking das maiores usinas hidrelétricas do mundo, à época.

No seu auge, durante a etapa de concretação, a construção exigiu o trabalho de 40 mil homens e 12,3 milhões de metros cúbicos de concreto — o que seria suficiente para concretar quatro vezes os 4 mil quilômetros da Rodovia Transamazônica.

Além do desafio de colocar de pé uma obra desse tamanho, outra dificuldade estava nos bastidores, afinal, por se tratar de um projeto binacional, era preciso conciliar interesses e burocracias dos dois governos. A construção demorou 7 anos para ser finalizada e, desde o início de suas operações, já foram produzidos 2,4 bilhões de MW de energia.

3. Burj Khalifa (Dubai, 2010)

O maior prédio do mundo assusta quem o visita. São 168 andares, distribuídos nos seus incríveis 828 metros de altura. Mas como colocar toda essa estrutura de pé? Nesse caso, foi preciso fazer uma mega obra já na fase de fundação, com peso de 110 toneladas.

Foi preciso o trabalho de 380 engenheiros, responsáveis por projetar, executar e fiscalizar a construção. Além de pensar em soluções para problemas que, em outros edifícios, podem ser considerados até corriqueiros, como a incidência de ventos ou as rotas de fuga em caso de incêndios.

4. Estação Espacial Internacional (1998)

Até aqui listamos uma série de obras gigantes, cada uma com suas dificuldades. Mas todas elas estão localizadas no planeta Terra. E quando o homem decide levar uma estrutura grande para o espaço? As dificuldades se tornam maiores, já que é preciso levar em conta uma série de outros fatores, como a ausência da gravidade.

A Estação Espacial Internacional, um projeto liderado pelos Estados Unidos e pela Rússia e que contou com a cooperação de outros países, é um laboratório espacial permanente e serve como base para uma série de experimentos que não poderiam ser feitos na Terra.

A estrutura tem 420 toneladas e custou mais de 150 bilhões de dólares. E foram realizadas mais de 50 missões espaciais para montar as partes da estação produzidas aqui.

5. Canal do Panamá (Panamá, 1914)

Imagine que, há um século, a solução encontrada para ligar o Oceano Atlântico ao Pacífico, fosse rasgar um país ao meio? Isso ocorreu, mais precisamente em 1914, quando os Estados Unidos concluíram as obras no país centro-americano, que são consideradas essenciais para o comércio marítimo internacional até hoje.

Se, naquela época, cerca de mil embarcações passavam pelo local todos os anos, esse número chegou a cerca de 15 mil em 2008. O empreendimento contou com a construção de represas, eclusas e lagos, tanto no lado do Atlântico quanto no lado do Pacífico. Com isso, foi possível criar um canal artificial de 77 quilômetros de extensão.

O canal do Panamá passou por uma reforma em 2007 para ampliação da hidrovia, o que possibilitaria a passagem de navios muito maiores que os que eram suportados até então, facilitando bastante o tráfego náutico por ali. A revitalização foi concluída em 2016.

Agora que você já conhece mais sobre a realidade e os bastidores de algumas das grandes obras da engenharia civil, que tal repercutir com seus amigos? Compartilhe o artigo nos seus perfis nas redes sociais — vale Facebook, Twitter, LinkedIn — e garanta que mais pessoas fiquem por dentro do assunto.

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