Estamos vivendo o desenrolar de uma transformação — na verdade, a quarta Revolução Industrial. Nos livros de História aprendemos que cada nova fase traz uma série de mudanças e causa impactos em nível global. A 1ª Revolução Industrial, por exemplo, foi marcada pelo desenvolvimento de máquinas a vapor, mais modernas das que eram utilizadas até então.

Pode parecer pouco em nossa visão dos tempos atuais, mas, na segunda metade do século XVIII, esse passo foi suficiente para encurtar distâncias, acelerar deslocamentos e elevar a produtividade nas indústrias. Após essa etapa, o ser humano desenvolveu novas tecnologias ainda mais modernas, como a eletricidade, o aço e os meios eletrônicos, que catalisaram novas revoluções industriais e nos impactam até os dias de hoje.

Atualmente, na era da 4ª Revolução Industrial, ou da indústria 4.0 — como vem sendo chamada —, estamos vivendo as transformações por meio do desenvolvimento de computadores, que tem transformado as mais diversas áreas de produção a partir de alguns pilares básicos, como: inteligência artificial, hiperconectividade de objetos e ambientes com a utilização de dispositivos eletrônicos e análise de dados.

Esse assunto não diz somente da transformação da indústria de modo geral, mas pode ser analisado individualmente em cada setor. Até mesmo na construção civil, por meio de soluções e novas tecnologias aplicadas dentro do canteiro de obras.

No texto de hoje vamos mostrar quais são os impactos causados pela inteligência artificial na construção civil e como ela vai afetar a sua vida nos próximos anos. Boa leitura!

O que é a inteligência artificial?

O termo “inteligência artificial” foi criado por um professor norte-americano ainda na década de 1950. Na ocasião, John McCarty descrevia um mundo em que máquinas poderiam resolver problemas que, até então, eram solucionados apenas pelos seres humanos.

Embora, naquela época, esse ainda era um cenário que só existia na cabeça de cientistas e pesquisadores, a evolução tecnológica nos levou ao ponto em que estamos hoje. Máquinas são cada vez mais utilizadas para “pensar”, elaborar e resolver problemas para os seres humanos.

Para que isso pudesse sair do papel, foi indispensável uma evolução dos computadores que passaram a ter maior capacidade de processamento de informações, além do acesso a diversos tipos de dados que passaram a ser analisados, compilados e classificados.

IBM Watson: modelo do uso da inteligência artificial

A partir das últimas décadas, as grandes empresas de tecnologia passaram a desenvolver e aprimorar os modelos de supercomputadores que atendiam a esses pré-requisitos que dissemos acima. E o resultado tem mostrado que a inteligência artificial pode ser utilizada para ajudar o ser humano a resolver problemas nas mais variadas áreas de conhecimento.

Um desses modelos é o Watson, elaborado pela empresa norte-americana IBM para ajudar pesquisadores, desenvolvedores e startups a desenvolverem modelos cognitivos capazes de resolver problemas que demorariam décadas se fossem feitos apenas pelos seres humanos.

Essa supermáquina já é utilizada nos mais diversos setores e, somente no Brasil, são 30 casos de usos públicos nas áreas de Saúde, Educação, Instituições financeiras, Agricultura, entre outros. O que o Watson faz é analisar uma quantidade enorme de dados processados ou não e apontar possíveis soluções.

Um caso que ficou mundialmente conhecido foi o diagnóstico de um tipo raro de leucemia em uma paciente que estava internada em um hospital ligado à Universidade de Tóquio, no Japão, em apenas 10 minutos. A máquina cruzou os dados de exames e diagnósticos com referências da literatura médica da área da oncologia e, graças a essa tecnologia, os médicos puderam seguir um tratamento mais eficaz.

No entanto, não é só a área da saúde que pode ganhar com o uso da inteligência artificial, o setor da construção civil também pode obter vantagens com o uso dos modelos de IA. Para conhecer os que mais estão ganhando destaque, continue a leitura.

As 4 tendências de uso da inteligência artificial na construção civil

1. Automatização da montagem com robôs

Desenvolvido pelo Instituto de Robótica e Sistemas Inteligentes de Zurique, na Suíça, um robô autônomo que possui algumas habilidades dos operários, podendo manipular diversos materiais de construção, andar por terrenos desnivelados e montar estruturas com precisão milimétrica.

A máquina segue à risca a programação elaborada pelos engenheiros, tendo como principal vantagem as chances quase nulas de ocorrerem erros.

2. Uso do Big Data no canteiro de obras

Alguns estudos e experimentos dão pistas do que se tornará comum no campo da construção civil daqui para frente, e uma delas se refere ao uso do Big Data dentro do canteiro de obras. Para se ter uma ideia, a coleta e análise de informações por meio de computadores já está sendo usada pelo MIT — Massachussets Institute of Technology — para a construção de parques eólicos.

Computadores analisam o comportamento dos ventos e, a partir dos dados gerados, conseguem otimizar a localização de onde serão instaladas as pás eólicas. Nesse caso, além de a inteligência artificial potencializar a geração de energia, outra vantagem é que as análises feitas por computador demandam menos tempo que as realizadas pelos engenheiros em campo.

3. Construção de prédios inteligentes

O conceito de inteligência é o que marcará as novas construções e, com a IA, isso poderá ser levado a diversos itens presentes em um edifício, por exemplo. Sensores de movimento mais precisos que garantam economia de energia, sensores de temperaturas que identificam a presença de pessoas em determinado ambiente e elevadores inteligentes que otimizam o deslocamento dos moradores.

Se essas iniciativas já existem em alguns edifícios mais novos, a tendência é que sejam combinadas entre si — de forma inteligente — para gerar economia de tempo e dinheiro.

4. Relacionamento e atendimento personalizado ao cliente

Algumas construtoras, sobretudo as que têm contato direto com o cliente, precisam manter equipes inteiras por conta de um suporte permanente — seja para tirar dúvidas, gerar uma segunda via de boleto ou atender a reclamações, por exemplo. Isso demanda uma série de gastos e processos que podem ser otimizados por meio da inteligência artificial.

Algumas empreiteiras já estão utilizando a tecnologia IBM Watson para buscar um atendimento mais personalizado para cada usuário. A partir do atendimento ao cliente, a máquina é capaz de analisar os dados obtidos em um chat e apresentar soluções, diminuindo o tempo de resposta e direcionando as alternativas ao cliente, melhorando sua experiência como usuário.

Os 3 impactos da inteligência artificial na construção civil

A introdução da inteligência artificial na construção civil está sendo feita aos poucos, à medida que as tecnologias são desenvolvidas e ficam mais baratas. No entanto, a médio ou longo prazo podemos analisar os impactos que essas mudanças causarão no setor como um todo. Enumeramos os três principais, confira!

Redução de custos

Uma das consequências mais impactantes da inteligência artificial aplicada à construção civil é a redução de custos. Afinal, um dos objetivos desse tipo de tecnologia é otimizar e automatizar todo — ou quase todo — tipo de processo.

Os novos prédios inteligentes são um exemplo disso, afinal, apostam no uso de sensores que detectam a presença de pessoas para acender ou desligar as luzes e alteram a incidência da iluminação conforme a luz que vem das janelas. Outro exemplo é a reciclagem de água da chuva, utilizada para atividades como a irrigação de jardins ou limpeza externa.

Ainda no âmbito da economia de recursos, a inteligência artificial aplicada à construção civil permite que o engenheiro identifique algumas situações em que poderia haver melhor aplicação do dinheiro, como na compra de materiais, no desperdício de produtos, entre outras funções.

Mudança no perfil dos empregos

Embora haja uma preocupação mundial sobre a substituição da mão-de-obra humana pelas máquinas com o desenvolvimento de novas tecnologias ao longo das próximas décadas, por enquanto, só podemos ter certeza de uma coisa: o perfil dos empregos mudará drasticamente.

Uma profissão consolidada hoje em dia, não existirá necessariamente em um cenário para daqui a duas ou três décadas, por exemplo. Ao mesmo tempo, algumas profissões que farão parte dessa revolução 4.0 sequer existem.

Se um software é desenvolvido para automatizar os processos de gestão de uma empresa ou integrar o funcionamento de um canteiro de obras, o engenheiro será valorizado à medida que souber o que fazer com as informações geradas pela tecnologia.

De fato, o engenheiro não competirá com a inteligência artificial, mas será o responsável por tomar decisões acertadas a partir das informações geradas pelas máquinas.

Construções mais sustentáveis

O conceito de sustentabilidade parecia distante demais da realidade quando o termo foi criado décadas atrás. No entanto, o desenvolvimento de novas tecnologias tem contribuído para a adoção de práticas e equipamentos mais sustentáveis, sobretudo nas construções.

Fizemos uma lista de algumas tecnologias que estão cada vez mais presentes em vários tipos de empreendimentos:

• tubulação verde: no lugar do tradicional PVC, a matéria-prima que faz os tubos que vão canalizar a água até o esgoto é feito de material 100% proveniente de fontes renováveis. Um exemplo é a cana-de-açúcar;
• telhado verde: utilizado, principalmente, nos centros urbanos, é uma alternativa para transformar o telhado de casas ou prédios em áreas mais agradáveis, além de ser um excelente isolante térmico, garantindo melhor climatização ao ambiente;
• placas fotovoltaicas: os painéis para geração de energia solar têm sido cada vez mais adotados nas construções modernas e mesmo nas mais antigas, como forma de economizar no uso de energia elétrica;
• elevadores inteligentes: além de otimizarem a logística de transporte das pessoas até os andares desejados, esses equipamentos ainda devolvem a energia gasta durante os deslocamentos para a rede elétrica utilizada pelo edifício;
• reaproveitamento de água: a água da chuva pode ser utilizada para irrigação de jardins ou limpeza externa, reduzindo o volume de uso captado da rede;
• vidro inteligente: eles são capazes de controlar a transparência e, com isso, o quanto de luz entra em um determinado ambiente. Ou seja, na prática também colaboram para redução dos gastos com energia elétrica.

Por que você deve se preparar para um mundo com inteligência artificial?

Ao longo deste post mostramos como a inteligência artificial foi sendo pensada ao longo dos últimos anos e como ela tem sido aplicada, sobretudo no setor da construção civil.

Muita gente quando se refere a esse tema, traça um cenário apocalíptico, como se as máquinas fossem controlar o nosso futuro. No entanto, as mudanças vêm sendo adotadas aos poucos, à medida que as tecnologias são desenvolvidas e se tornam mais acessíveis ao mercado.

A inteligência artificial é uma realidade e ela fará parte das mais diversas áreas de atuação profissional em todo o mundo. Cabe a nós nos adaptarmos a essa realidade e fazermos com que essa parceria com as supermáquinas renda bons frutos.

Como vimos, no setor da construção civil, a inteligência artificial pode trazer enormes ganhos, seja com relação ao aumento da produtividade, otimização dos serviços ou redução dos custos e do uso de materiais.

Para os próximos anos, é importante pensar que essa realidade estará cada vez mais comum no dia a dia da construção e entender esse cenário é fundamental para compreender a dinâmica do setor.

Embora a profissão de engenheiro seja antiga e as práticas estejam mais do que consolidadas no mercado, haverá uma profunda transformação no setor ao longo das próximas décadas. Isso porque algumas das atividades mais tradicionais feitas pelo ser humano passarão a ser executadas exclusivamente por máquinas — capazes de realizar o serviço em menos tempo, com maior precisão e mais barato.

O papel do engenheiro civil no século XXI passa por entender como funciona a inteligência artificial e, principalmente, como interpretar os dados colhidos e demonstrados por essas máquinas para que a tomada de decisão seja a mais adequada possível.

Como já mostramos neste blog, o futuro da engenharia civil passa pela compreensão e domínio das novas tecnologias, pela noção e aplicação dos conceitos da sustentabilidade, além dos novos processos de construção.

Agora que você sabe quais são os impactos da inteligência artificial na construção civil e como isso vai mexer diretamente com a sua vida, te convidamos a assinar a nossa newsletter e ficar por dentro desse e de outros temas interessantes para a área da Engenharia Civil. Até a próxima!